quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Vida suprimida

Foi suprimida. A Vida.
Quem? Quem é que foi detida?
Suprimida!
Onde?
Numa estação qualquer do submundo da ilusão da vivência vivída e respirada. Numa estação onde os pés se movem sem vontade e sem sairem do mesmo lugar. Onde as mãos não têm sensibilidade nem para apalpar o ar, e ainda assim tentam apalpar o escuro, que afinal é cinzento e que afinal é fumo da fábrica que emprega 1537 trabalhadores, onde nenhum deles sabe o que se fabrica na fábrica mas que mesmo assim trabalha na fábrica, e onde todos os trabalhadores têm o 6º ano feito e têm como dieta tremoços e cerveja e futebol e 2minutos de sexo por ano.
Mas quem?
A VIDA! Suprimida!
Caralho, a puta da vida foi suprimida, e os pobres desgraçados cegos apalpadores de fumo do submundo da existência são forçados a comerem-se às dentadas para não uivarem de raiva, o que faria com que todos os seus telhados de vidro se quebrassem.

"-Comboio das 15,55 proveniente dos confins da existência insensível com à Vida devido a motivos técnicos inexplicáveis foi suprimido..."

E o suicida lá do fundo berra "PORRA!", e volta para casa para comer batatas fritas pré-congeladas do tipo palito, enquanto ve na sua poltrona remendada com fita-cola castanha o Campomaiorense a jogar contra o Tirsense na Base das Lages para a liga da da ilusão da vívida que é a puta da Vida suprimida.

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