segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

De uma beleza-azul-surreal

Um foco de luz incidente no meio do quadro, no meio do enquadramento, no meio da fotografia. É um grande plano que vai diminuindo lentamente - plano de peito, plano de tronco, plano de pé. É uma grande figura que vai sendo descoberta lentamente numa lenta dança de sedução que tenta esconder traços de obsessão compulsiva e frenética atrás daquele suave ritmo. Daquele suave ritmo que se vai desdobrando no tempo, sendo cada segundo multiplicado por diversas versões possíveis em dimensões perpendiculares que, a cada segundo que passa, resulta naquele suave ritmo azul.
Azul. Um ritmo suave-azul. Como se estivessemos a boiar no meio do alto-mar onde este se cruza com o azul céu, sem nada mais em torno de nós sem ser o azul. No azul incidente daquele quadro, no meio do enquadramento, no meio da fotografia. Uma figura.
Uma figura. A figura. A sublime figura. Escultura feita apartir do ponto onde o azul do mar se cruza o azul do céu. Azul. Suave ritmo azul. De uma beleza-azul-surreal.
Um quadro pintado em tons de azul, de onde sai uma melodia azul por trás dele. I have the blues... Eu tenho e ela tem, mas eu nunca a irei ter. Não é querer te-la para tirar a luz incidente do quadro, pois é o que dá surrealidade ao quadro. É o que dá beleza ao enquadramento e gera a música que sai de trás dele.
Escultura de traços finos onde poisa um fino e delicado vestido preto que se ajusta às tuas linhas melancólicas que sobressaem sob o Azul. O Azul a que tu dás vida.
Gesticulantes lábios vermelhos que articulam hinos que te pulsam nos corações vermelhos que tens. Gesticulantes lábios vermelhos ligados a gestos que são estalidos que são pulsações de teus corações vermelhos; que são Vida.
Quadro vermelho, azul que é Vida e melancolia e que isso pouco importa quando o que vemos é uma beleza-azul-surreal. Que nos encanta e nos hipnotiza. Que nos põe doentes. Que faz mudar a cor do nosso sangue. Que nos faz entrar num suave ritmo melancólico - dançando com uma luz azul incidente - estalando os dedos - fechando os olhos e indo para o azul, do qual és Senhora.
Sublime senhora da beleza-azul-surreal. Azul-beleza-surreal. Surreal-beleza-azul. Quem me fez escrever tudo isto. Ponto final.

3 comentários:

Anónimo disse...

Tenho acompanhado as postagens.

Gosto da descrição da realidade urbana ornamentada com véus de fantasia. E gosto da maneira como a repetição das palavras conferem a cada texto o seu próprio sentido de ritmo.

Anónimo disse...

Azul.
Azul.
Azul.
Preto.
Azul.
Vermelho.
Azul.
Oh... Azul!
;)

Anónimo disse...

Azul.
Azul.
Azul.
Preto.
Azul.
Vermelho.
Azul.
Oh... Azul!
;)