As palavras de outro que reflectem as minhas já foram escritas à coisa de 80anos. Nos dias de hoje, na mesma cidade fria e anónima, por entre as ruelas de Alfama com cheiro a mijo, com o olhar rígido de S.Jorge lá do alto, sentado noutra mesa de um ou outro café apenas com a companhia de meus fantasmas e febres, na companhia do meu anti-Eu e do assassino de mim mesmo.
Noutra mesa de outro café está outra pessoa curvada sob um caderno.
Noutra mesa de outro café está outra pessoa sozinha a beber café e a olhar para o vazio como num filme português, como num quadro do Edward Hopper.
É a minha vez de me espalhar... o Álvaro era apenas outro desgraçado auto-flagelista digno de Cristo que viveu noutros tempos, por entre vultos cinzentos das mesas dos cafés lisboetas, perdido por entre suas próprias contradições e sujo pela tinta da sua caneta.
É a minha vez de me espalhar...enquanto escrevo afectado pelo alcool que bebi sozinho num banco frio à beira Tejo.
É a minha vez de me espalhar...
e acabar.
quarta-feira, 10 de janeiro de 2007
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2 comentários:
bom descobrir tuas imagens!
gosto de ler palavras fotográficas... :)
Quanto à visita ao meu café, espero que tenha sido do seu agrado e que o encontre por lá ocasionalmente.
A*
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