segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Já é Domingo e apenas os poucos transeuntes o sabem...

E tantas outras noites e comboios passam de um lado para o outro,
em movimentos oscilatórios do pêndulo dos tempos perdidos e nunca ganhos nem reconquistados, dos tempos elevados e subelevados ao expoente da sensaçao, do delirio e da explosão.

Cabeças que tombam quando as paragens aparecem e fazerem parar o corpo que se move dentro de uma bala através de fronteiras feitas de fumo e fábricas.
Cabeças pesadas e perdidas, olvidadas e destiladas em mistelas de cores esbatidas.

Pessoas sentadas em ombreiras de portas, com seus membros enregelados e com seus corações gélidos a tentar aquecer as suas mãos na fricção do gelo com gelo que cobre ambos seus corpos.
E não faz fogo e não faz fogueira.
E não há fricção porque os corpos afastam-se e fogem e amedrontam-se por causa de memórias de cidades fantasmas feitas com madeira pútrida da persistência da memória, dos amaldiçoados que têm boa memória, dos cruxificados que se lembram do que tomaram pelo pequeno almoço num sábado perdido por entre braços outrora conhecidos e que agora passam despercebidos e estranhos enquanto surge a necessidade do abrigo da dormência dos espírito e do falso esquecimento.

E eu, que raio faço no meio de tanta palavra colocada quase ao acaso por entre este vomitado esverdeado de sensações nocturnas e fartas.Eu que pareço um dançarino feito ladrão que acaba por nada levar atrás apesar do intento sempre ser esse. Eu que apenas de ladrão faço a entrada pela janela, sorrateira e a meio da noite.Eu que de dançarino apenas tenho a vontade de me mexer e de esbracejar no ar.Eu...que apenas queria um pco de companhia, levei com a porta trancada e fechada à frente da cara, por parecer que sou apenas mais um peão...

E estas noites...fazem-me escrever...
e tombar no chão do comboio que me leva a casa.

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