segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Bailarina dançarina

E a bailarina dançarina de sapatos vermelhos brilhantes com seus pés vermelhos em carne-morta; dança. Dança e rodopia com uma garrafa na mão. Dança e dança. Rodopia e rodopia. Dança e rodopia, desgastando a sola dos seus pés.Deixando pequenos pedacinhos seus no chão de madeira deslizante, no piso de dança.
E a bailarina dançarina de cabelos-noite e olhos-mar.Filha do gerente do hotel que existe no topo da escarpa, ao lado da cascata.Por entre as tenebrosas e imponentes árvores, onde vivem uivos violentados de vultos velozes e esfomeados; dança. Dança e dança. Rodopia e rodopia. Dança e rodopia, deixando deslizar seus cabelos-noite, passeando os seus olhos-mar por toda a sala e por todo o piso de dança e perdendo-se no remoínho da música, do melancólico bop que nem chega a fazer pop nem tun tun tun nem beebop-pop-bog e apenas a envolve numa estranha neblina anestesiante que lhe acende o cigarro apagado no canto da boca.
E a bailarina dançarina apenas dança sozinha; dança.
E a bailarina dançarina foge quando o bailarino dançarino aparece para lhe dar a mão e a levar ver a Lua.

2 comentários:

Daniel Paiva disse...

este texto é a homeland das prosopopeias.

muito bom

UtopicPenBallet disse...

sad girls dance when no one's watching.